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Texto da 4a. capa

A crítica textual, tal como ensinada e praticada no Brasil, sempre se propôs como fi nalidade a reconstituição de um suposto original, chamado por Segismundo Spina “texto genuíno”, que representaria a etapa fi nal de composição da obra, quando já não é mais objeto de reescritura por parte de seu autor. O texto “genuíno” é um ideal fi lológico pensado como possível para todos os lugares e tempos e desconsidera a historicidade de várias poéticas, reduzindo-as a uma unidade sob égide romântica: nada se fala, nos manuais de crítica textual que tratam da “genuinidade”, das poéticas da voz, da performance e da recomposição pela escritura de textos que estão sempre in fi eri, em estado de instabilidade. Mesmo estudos que objetivam considerar o caráter precário e movente de textos poéticos, como o de Rupert T. Pickens, que nos legou a magistral pesquisa sobre Jaufre Rudel, muita vez se deixam iludir pela ideia de “genuinidade” e acabam por impor a distintos estados textuais uma suposta hierarquia que toma como ponto referencial uma maior proximidade frente à última vontade autoral. Não assim a edição feita por Caio Cesar Esteves de Souza das poesias de Alvarenga Peixoto, em que uma refl exão crítica madura produz uma edição em que o descentramento, pela ruptura com a ideia romântica de autoria, se evidencia na prática de seleção e disposição dos poemas no interior da recolha. Caio Cesar Esteves de Souza recusa-se reconstituir os poemas de Alvarenga Peixoto a partir de uma collatio codicum que lhe permitiria alçar- -se ao suposto original ou arquétipo da tradição, apresentando-nos por con ta dessa negação um poeta e uma poesia mais pujantes e múltiplos. [MARCELLO MOREIRA]

Caio Cesar Esteves de Souza. 12/24/2020. Obras Poéticas de Alvarenga Peixoto. 1st ed., Pp. 240. São Paulo: Ateliê Editorial.

Lançamento das Obras Poéticas de Alvarenga Peixoto. Presenças dos professores doutores João Adolfo Hansen (USP) e  Marcello Moreira (UESB).

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Capa do livro Obras Poéticas de Alvarenga Peixoto (2020)