PROGRAMA

MINICURSO MOÇAMBIQUE: CINEMA, LITERATURA E HISTÓRIA

 

O minicurso “Moçambique: cinema, literatura e história” foi organizado pelas professoras Leila Leite Hernandez (DH/FFLCH/USP) e  Rejane Vecchia Rocha e Silva (DL/DLCV/FFLCH/USP) e tem como objetivo propiciar aos alunos dos Departamentos de Letras e de História, assim como dos demais departamentos da FFLCH-USP, a possibilidade de discutir alguns temas contemporâneos da história de Moçambique sob o prisma de abordagens multidisciplinares, além de sublinhar os possíveis usos do cinema nas diversas áreas das Ciências Sociais, da História e das Literaturas Africanas. “Moçambique: cinema, literatura e história” contará com a presença dos cineastas moçambicanos Camilo de Souza e Isabel Noronha, realizadores dos filmes e documentários que serão exibidos ao longo das aulas, além de importantes pesquisadores, possibilitando o diálogo acerca de vários temas relevantes à História de Moçambique.

24/08 - Cinema, Literatura e História.

Apresentação do curso pelas professoras doutoras Leila Leite Hernandez e Rejane Vecchia.

Apresentação dos cineastas moçambicanos Camilo de Sousa e Isabel Noronha.

Camilo de Sousa nasceu em Lourenço Marques a 29 de Maio de 1953, onde fez os estudos secundários. Em 1968, começou a interessar-se pela fotografia, trabalhandoem Artes Gráficas e, posteriormente, como repórter fotográfico e redator do diário “O Jornal” publicado na então cidade de Lourenço Marques. Em 1972 refugiou-se na Bélgica, onde obteve o estatuto de refugiado político junto às Nações Unidas (UNHCR).No ano seguinte partiu para a Tanzânia e juntou-se à Frente de Libertação de Moçambique, participando na luta pela Independência de seu país.

Depois da proclamação da Independência Nacional ( 1975) trabalhou em diversos projetos de carácter social e de comunicação na Província de Cabo Delgado, criando a primeira rede moçambicana de correspondentes populares de informação, levando o cinema móvel a todos os distritos e localidades desta província.

 Cinco anos depois ingressou no Instituto Nacional de Cinema, onde trabalhou até 1991 como realizador, editor, diretor de produção, produtor e, finalmente, diretor geral deprodução.Em 1992, com outros profissionais de cinema e comunicação, criou a primeira cooperativa independente de comunicação e produção de imagem, a Coopimagem. Em 2001, associou-se à Ébano Multimédia, desenvolvendo a atividade de produtor e realizador.  É membro fundador e vice-presidente da Associação Moçambicana de Cineastas, criada em 2003.

Nas produções cinematográficas que marcaram Moçambique, Camilo de Sousa tem uma destacada  participação, angariando vários prêmios e  o reconhecimento da importância da sua obra em várias partes do mundo.

Isabel Noronha, nascida Isabel Helena Vieira Cordato de Noronha no ano de 1964, em Maputo, é filha de pai goês e mãe moçambicana. Licenciada em Psicologia Clínica e Aconselhamento pelo Instituo Superior Politécnico Universitário (ISPU) e Mestre em Saúde Mental e Clínica Social pela Universidade de Léon, na Espanha, atualmente faz doutoramento em Antropologia na Unicamp. É reconhecida como um nome fundamental do cinema moçambicano, tendo ingressado em 1984 no Instituto Nacional de Cinema. Foi Membro Fundador da primeira Cooperativa Independente de Vídeo (Coopimagem) e da Associação Moçambicana de Cineastas. Assinou vários filmes dos quais se destaca o belíssimo Ngwenya, o Crocodilo, em torno da figura do pintor Malagantana, distinguido pelo Festival de Milão como melhor documentário de África, Ásia e América Latina.

Apresentação da palestra “O cinema como fonte” apresentada pelo do Prof. Dr. Maurício Cardoso. Formado em História pela Universidade de São Paulo (1996), finalizou o mestrado em História Social (USP, 2002) sobre as relações entre Cinema e História através do filme de Leon Hirszman, São Bernardo (1972). Concluiu, em 2007, o doutorado sobre o cinema de Glauber Rocha pela Universidade de São Paulo e pela Université Paris X - Nanterre. Atualmente, é professor doutor no Departamento de História da Universidade de São Paulo, com pesquisas sobre as relações entre a indústria cultural e o campo educacional.

Debatedora Prof. Dra. Leila Leite Hernandez. Possui graduação em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Bento da PUC/SP (1971), Mestrado em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (1980), com a monografia Movimentos político-ideológicos no Brasil de 1930 a 1937 e o Doutorado em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Bento da PUC/SP (1993), com a tese Os filhos da terra do sol: formação do estado-nação em Cabo Verde publicado em 2002. É Livre-Docente e pesquisadora do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo desde o ano de 2005 e especialista em História da África Contemporânea, trabalhando, em especial, com os seguintes temas: colonialismo, movimentos de independência e nacionalismos. É autora dos livros: Os filhos da terra do sol: formação do estado-nação em Cabo Verde e A África na sala de aula: visita à história contemporânea, ambos pela Ed. SUMMUS. É pesquisadora do Núcleo de Apoio à Pesquisa Brasil-África e do Diversitas e coordenadora do Núcleo de Estudos Africanos do DH/FFLCH/USP.

27/08 - Cinema como Fonte (I)

Apresentação de filme Junod (48’) por seu diretor, o cineasta moçambicano Camilo de Sousa.

Junod é um documentário sobre avida do missionário protestante, antropólogo e etnógrafo suíço Henri Alexander Junod que no contato com os povos nativos de Moçambique teve uma relação de pouca intervenção, de respeito aos homens locais e, sobretudo, das suas tradições, mais tarde, artes de uma identificação cultural única. Incorporou usos e costumes aprendidos no sul de África utilizando-os na coleta, empalhação e catalogação de borboletas. Colaborou para que por meio dos seus múltiplos trabalhos fosse demarcado o território que hoje conhecemos como Moçambique.

Apresentação da palestra: Prof. Dr. Marcos Napolitano, Professor de História do Brasil Independente do Departamento de História da USP, onde formou-se em História e também obteve o título de mestre e doutor em História Social. É autor dos livros: Seguindo a canção. Engajamento político e indústria cultural na MPB: 1959/1969 (Editora Anna Blume/FAPESP, 2001), História & Música (Ed. Autêntica, 2002), Cultura Brasileira: utopia e massificação (Editora Contexto, 2003). Foi vice-presidente do Ramo Latino-americano da International Association for the Study of Popular Music (IASPM), entre 2004 e 2004. Desde 2005 é bolsista do CNPq, desenvolvendo o projeto Música popular e oposição civil ao regime militar brasileiro (1969/1981). Também é investigador de Cinema e Política.

31/08 - Cinema como Fonte (II)

Apresentação de O Vento Sopra do Norte (101’), documentário que recebeu, em 2006, o Prêmio FUNDAC Kuxa Kanema para melhor filme moçambicano.

Este filme de 1987 foi o primeiro trabalho de ficção moçambicana e contou com a participação de José Cardoso, “o decano do cinema moçambicano” e a colaboração de José Cardoso, Camilo de Sousa Isabel Noronha e Gabriel Mondlane entre outros.

O Vento sopra do Norte foi uma das primeiras incursões da produção local pós-independência na longa metragem de ficção e apresenta uma reconstituição da última fase do capitalismo português.

Mesa redonda composta pelos cineastas moçambicanos Camilo de Sousa, assistente de realização deste filme, Isabel Noronha, continuísta da referida obra e do Prof. Dr. Wilson do Nascimento Barbosa (a confirmar). Professor Titular do Departamento de  História da FFLCH/USP pesquisa temas da cultura negra no Brasil e na África, dedicando-se à área de movimentos sociais. É autor de inúmeros livros que atestam a sua importância c omo investigador.

03/09 - Memória, Literatura e História.

Apresentação do filme Terra Sonâmbula (96’), uma adaptação cinematográfica de 2007, da obra literária de Mia Couto. Dirigida por Teresa trata da Guerra Civil Moçambicana e tem como personagem central Muidinga, um rapaz que ultrapassa seus limites físicos e temores que enfrenta diferentes percalços para encontrar sua família, contando com a companhia do sábio e contador de histórias Tuahir. A viagem é repleta de dificuldades e a estrada por onde são sonâmbulos errantes é mágica: apercebe-se dos seus desejos e os leva de um sítio para outro, livrando-os da morte, até que alcancem o  desejado mar.

Mesa Redonda: Camilo de Sousa, produtor do filme, a cineasta Isabel Noronha e a Profa. Dra. Rejane Vecchia Rocha e Silva. Esta possui graduação em História pela Universidade de São Paulo (1990), graduação em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1987), mestrado em Letras (Est.Comp. de Liter. de Língua Portuguesa) pela Universidade de São Paulo (1994) e doutorado em Letras (Est.Comp. de Liter. de Língua Portuguesa) pela Universidade de São Paulo (2000). Atualmente é professora doutora RDIDP da Universidade de São Paulo. Membro do Núcleo de Apoio à Pesquisa Brasil-África (FFLCH/USP). Tem experiência na área de Letras, com ênfase nas Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, atuando principalmente nos seguintes temas: história, literatura, cultura, sociedade e utopia.

 14/09 - Cinema como Ato de Resistência

Apresentação do filme: Ondas Comunitárias (52’) parte da ideia de que as Rádios Comunitárias são um instrumento privilegiado para o fortalecimento da democracia. Assim, a UNESCO, em estreita ligação com a população concebeu um projeto para sua criação e desenvolvimento em um modelo de propriedade comunitária, envolvendo todos os segmentos da população na produção local de programas, na gestão e controle dos recursos.

Mesa Redonda: cineastas Camilo de Sousa e Isabel Noronha, e a Profa. Dra. Rita Chaves. Esta possui graduação em Letras pela Universidade Federal Fluminense (1978), mestrado em Letras pela Universidade Federal Fluminense (1984) , doutorado em Letras (Letras Clássicas) pela Universidade de São Paulo (1993) , pós-doutorado pela Universidade Eduardo Mondlane (2001) e pós-doutorado pela Universidade Eduardo Mondlane (2010) . Atualmente é Professor Assistente-Doutor da Universidade de São Paulo, Responsável pela disciplina Literatura e Colo da Universidade Cândido Mendes, Membro de corpo editorial da Revista de Letras (São Paulo), Membro de corpo editorial da Via Atlântica (USP) e Membro de corpo editorial da Revista Crioula. Tem experiência na área de Letras , com ênfase em Outras Literaturas Vernáculas. Atuando principalmente nos seguintes temas: Angola, Moçambique, romance, identidade, tradição oral, História e estética.

17/09 - Moçambique: Uma Nação a se Inventar

Apresentação do filme Ngwenya, o crocodilo (90’), de 2007 aborda, com rara sensibilidade, temáticas ligadas à construção social e identitária da sociedade moçambicana. Mais do que um documentário sobre a vida e obra do Pintor Malangatana, este filme é uma viagem ao universo de um Homem que, não só se tornou um mito, como criou, mais do que uma linguagem artística própria, uma verdadeira Língua para escrever um mundo inscrito dentro de si.
- Prémio “Janela para o Mundo”, melhor documentário de África, Ásia e América Latina, Festival de Cinema de Milão, 2009.

 Apresentação do filme por sua realizadora Isabel Noronha e seu produtor Camilo de Sousa.

Palestra: Profa. Dra. Marta Heloisa Leuba Salum. Possui graduação em Educação Artística pela Fundação Armando Álvares Penteado (1975-1979), e pós-graduação pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, tendo obtido grau de mestre (1990) e título de doutor (1996) em Ciência (Antropologia Social). É docente em RDIDP no Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE/USP), junto à área de Etnologia Africana desde 1998. É orientadora do Programa de Pós-graduação em Arqueologia (USP) desde 2002 e docente credenciada no Programa de Pós-graduação Interunidades em Estética e História da Arte para ministrar a disciplina História da Arte Africana, desde 2009. Integra o grupo de pesquisadores que criou o Núcleo de Apoio à Pesquisa Brasil África e é membro de seu Conselho Deliberativo. Com ênfase em estudos africanistas, dedica-se à pesquisa, ao ensino e à extensão do saber associado aos seguintes assuntos: arte africana, arte e religiosidade, imaginário, imagens cultura material, coleções em museus, patrimônio e memória, arte-educação, e fotografia.

21/09 - Refazendo Laços

Apresentação dos filmes Caminhos do ser e Delfina, Mulher Menina (32’) por seu produtor, o cineasta Camilo de Sousa e de sua realizadora, a cineasta Isabel Noronha.

Caminhos do ser apresenta a história de quatro irmãos, todos rapazes, órfãos de pai e mãe que são rejeitados pela comunidade, por associar a  morte dos pais a um caso de feitiçaria. Ao viverem  quase todo tempo sòzinhos apoiam-se mutuamente , fazendo o papel de pai e mãe uns dos outros  como foma de tentar superar as dificuldades.O que os liga fortemente com o s pais é a memória que guardam dos ensinamentos maternos que lhes fortalece para que desenvolvam suas atividades domésticas, na escola e na machamba.

Delfina-Mulher-Menina, é a história de uma menina de treze anos que pelas vicissitudes da vida precisou assumir o papel de chefe de família, cuidando de quatro irmãos. Diante de um conjunto de problemas como o desrespeito dos irmãos, a forte presença da mãe falecida nos sonhos e do desejo que carrega de ser médica, Delfina procura encontrar forças para a superar dificuldades e conflitos. Conta para isso com o apoio de uma ONG local.

Mesa Redonda: Camilo de Sousa, Isabel Noronha, Profa. Dra. Marina de Mello e Souza. Professora do Departamento de História da USP fez mestrado na PUC-Rio e doutorado na UFF. Tendo trabalhado com cultura popular hoje de dedica à história da África pré-colonial, mais especificamente à região do antigo reino do Congo e de Angola. Publicou os seguintes livros: Parati, a cidade e as festas; Reis negros no Brasil escravista; história da festa de coroação de rei congo; África e Brasil africano, e vários artigos em revistas acadêmicas e de divulgação. .É coordenadora do Núcleo de Apoio à Pesquisa Brasil-África.

 Também estará presente a Profa. Dra. Amnéris Maroni, psicanalista e professora de antropologia social da UNICAMP (a confirmar).

28/09 - O Rural no Urbano e o Urbano no Rural.

Apresentação do filme Na Dobra da Capulana (30’) por seus realizadores Isabel Noronha e Camilo de Sousa. Segundo a sinopse, o filme "é uma viagem ao 'reino' encantado da capulana”, “que nos revelará um universo tipicamente feminino através de situações e narrativas de um grupo de mulheres que, tal como todas as mulheres moçambicanas usam a capulana para diversos fins e lhe atribuem diversas significações”. O documentário pretende “descobrir o sentido de ser mulher em diferentes épocas, ligada entre si pelos traços, cores, padrões, desenhos, dizeres e nomes de cada capulana, na dobra da qual se esconde uma história única, singular”.

Apresentação de Palestra pelo Prof. Dr. Omar Ribeiro Thomaz, antropólogo e historiador social da UNICAMP. Possui graduação em Història de L'art - Universidad de Barcelona (1989), graduação em Formació d Actor - Estudio de Formación de Actores Nancy Tuñón (1989) e doutorado em Ciência Social (Antropologia Social) pela Universidade de São Paulo (1997). Atualmente é pesquisador licenciado do Centro Brasileiro de Análise, Planejamento e professor doutor da Universidade Estadual de Campinas e pesquisador do Max Planck Institute for Social Anthropology, em Halle, Alemanha, onde realiza, com o apoio da Humboldt Foundation, seu pós-doutorado. Desenvolve pesquisa na área de antropologia da guerra e do conflito, tendo realizado pesquisa de campo no sul de Moçambique, em Uganda e no Haiti. Sua equipe, formada em grande medida por orientandos, vem realizando pesquisa em diferentes países africanos (com ênfase em Moçambique e África do Sul), no Haiti e em territórios da Europa central e oriental (em particular Sérvia, Bósnia e antiga República Democrática Alemã).

Será debatedora a Profa. Dra Maria Cristina Wissenbach que possui graduação em História pela Universidade de São Paulo (1973), mestrado e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (1989 e 1997). Professora do Departamento de História FFLCH / USP nas disciplinas História da África Pré-Colonial e História da África e dos Afrodescendentes no Brasil. Atualmente é editora da Revista de História do Departamento de História / FFLCH. Bolsista em Produtividade em Pesquisa, CNPOq, nivel 2, trabalha com temas relacionados à história da África pré-colonial, ao envolvimento das sociedades africanas no tráfico atlântico de escravos e aos relatos de vajantes e sertanejos na África Ocidental. Atua também nas áreas de especialização: escravidão e tráfico, história social de São Paulo, história da medicina e sua relação com o comércio de escravos.É pesauisadora do Núcleo de Apoio à Pesquisa Brasil-África.

ENCERRAMENTO DO CURSO